- Contarem-me que encontraram o meu ex-namorado num café/ bar da Baixa.
Já é suficientemente mau dizerem-me que o encontraram, escusam de piorar a situação acrescentando que foi num dos sítios que eu, por acaso, também frequento.
Notem que o facto de o verem por lá tem implícita diversão, animação e a existência de uma vida social activa, e eu preferia mesmo continuar a acreditar que ele se tinha tornado uma pessoa infeliz, miserável e solitária, consumido pelo arrependimento de ter sido um #%&!@ comigo. Ao reportarem-me este encontro imediato de 3º grau, de uma só vez conseguiram acabar com a minha vontade de voltar à Baixa e com a minha fantasia sádica de justiça divina. Clap clap clap!
- Dizerem-me que ele teve a desfaçatez de perguntar como é que eu estou.
Vinda de quem me virou as costas na fase mais difícil da minha vida e nunca mais me enviou sequer uma sms a saber que tal eu me estava a aguentar, esta pergunta chega a ser um ultraje e devia até dar direito a cadeia. Mas enfim, o facto de eu não ter facebook e de não actualizar o hi5 há mais de 2 anos deve suscitar muita curiosidade acerca da minha pessoa (não é à toa que eu escrevo o meu primeiro nome no Google e que uma das sugestões que aparece de imediato é o meu nome completo). Será que ela morreu? Será que ainda trabalha no mesmo sítio? Terá um namorado muito melhor e mais inteligente do que eu? Tudo questões que, não chegando para lhe tirar o sono à noite, ainda assim devem inquietar aquele cérebro pequenino.
Se voltar a acontecer, digam-lhe que estou óptima, cada dia mais gira, e que desde que ele se foi já limpei o sebo a uma doença lixadíssima, já conclui mais uma pós-graduação, já entrei num mestrado numa faculdade top e que no emprego ocupo um cargo bem mais fixe. Tudo verdades. Digam-lhe isto tudo, deixem-no verde de inveja, mas não me venham contar depois. Toda a gente tem tabus; ele é o meu.