Gente, é assim tão difícil de conceber que exista neste mundo um ser humano adulto que não tome café? É que eu já estou farta dos olhares de desdém quando, depois de almoçar, peço um carioca de limão. Não, o café não me dá azia. E não, também não tenho problemas com a pressão arterial. O que tão simplesmente se passa, é que abomino o sabor. E isso para mim não é um problema, uma vez que vivemos num mundo com uma enorme variedade de bebidas, sendo que a esmagadora maioria delas não tem uma cor duvidosa nem um sabor amargo.
Assim sendo, nem sequer comecem com aquela treta do “primeiro estranha-se e depois entranha-se”, e de que o que eu preciso é de fazer um esforço, que não tarda nada passo a não querer outra coisa. Para mim, argumentos desses estão ao nível daquelas minhas colegas de faculdade, que odiando cerveja, emborcavam litros dela, só para se acostumarem ao sabor. Esqueçam, ok? Não gosto e pronto. E não vou fazer o mínimo esforço para mudar, isso seria ridículo.
Se uso a expressão “ir tomar café” para designar as minhas incursões, maioritariamente de cariz social, a estabelecimentos da área da restauração? Claro que sim. Até porque se enviasse uma mensagem a alguém com um convite para “tomar um refresco”, provavelmente a pessoa em causa pensaria que eu acabei de chegar directamente dos anos 40, e, como toda a gente sabe, a distância histórico-social é um factor importante quando estamos a ponderar aceitar um convite.
Se às vezes tomo café? Sim, na vida todos temos de fazer coisas que não são do nosso agrado. Ou alguém acha que eu gosto, com este temporal, de sair do quentinho da minha casa para vir trabalhar? Ou que gosto de ter os braços roxos das picadas e a garganta arranhada de tantos comprimidos? Há males necessários… Assim, quando passo mal a noite e preciso de estar concentrada no dia seguinte, recorro ao cimbalino curto (como eu gosto desta palavra!) para activar a massa encefálica. Ou quando tenho de trabalhar até tarde, ou quando vou ao cinema à última sessão (acreditem que não ganho o suficiente para me permitir o luxo de pagar um bilhete de cinema para dormir uma soneca). Mas certifico-me sempre de tenho o nariz tapado enquanto o bebo, e no fim faço, invariavelmente, cara feia.